domingo, 19 de agosto de 2012

2012-ago.-19
Ref.ª: 2.6
CUIDAR DA AUTOESTIMA
A autoestima é a soma da autoconfiança com o auto respeito. Para aumentar a auto estima temos de desenvolver a convicção de que somos capazes de viver e que somos merecedores da felicidade e, portanto, capazes de enfrentar a vida com mais confiança, boa vontade e otimismo, o que nos ajuda a sentir realizados. Desenvolver a autoestima é expandir nossa capacidade de ser felizes.
Quanto maior é a nossa auto estima, mais capacitados estaremos para lidar com as adversidades; maior probabilidade de sermos criativos e de obter sucesso; maior tendência para tratar os outros com respeito e benevolência; mais alegria teremos pelo facto de existir e de conviver connosco mesmos. A autoestima é o que EU penso e sinto sobre mim e não o que o outro pensa e sente sobre mim. Ninguém pode respirar por mim e pensar por mim; ninguém me pode dar autoconfiança e amor-próprio. Posso ser amado e não amar a mim mesmo. Posso ser admirado pelos outros e, mesmo assim, ver-me como inútil. Posso conquistar honras e apesar disso sentir a sensação de vazio.
A tragédia é que muitas pessoas procuram a autoconfiança e autoestima em todos os lugares, menos dentro delas mesmas. E sendo a autoestima a afirmação da sua consciência e de uma mente que confia em si, então ninguém pode gerar essa experiência a não ser o próprio. Ela será sempre o fundamento da serenidade de espírito que torna possível enfrentar, viver e desfrutar a vida. Então, há que aprender a gostar mais de mim.
Nas pessoas do nosso tempo é muito frequente a falta de autoestima. A maioria vive o desânimo, a apreensão, o não acreditar em si, quando é fundamental a pessoa tornar-se protagonista da sua vida. Tal, não significa apenas ser destemido, dominador, vitorioso, mas significa também saber que temos valor na insegurança e nos complexos, sofrimentos, fraquezas e limitações. Ser protagonista da vida significa também ser fraco, compreender a fraqueza, sem viver despedaçado, dividido, rejeitando uma parte do EU e amando só a outra parte. Significa desejar compreender o segredo da nossa existência mesmo na parte negativa que, igualmente como a boa, deve ser vivida plena e intensamente. A consciência do todo que somos é a base de uma boa autoestima. Devo estar feliz de ser como sou. Eu sou o que sou. Sou protagonista porque sou assim. Só quem se aceita na sua totalidade é verdadeiro protagonista. Por isso, se compreende que é de desconfiar das pessoas que nunca se enganam, que sentem sempre ser superiores, que não mostram emoções, que se julgam perfeitas, que não mostram medo nem fraquezas, que nunca se expõem, que se fazem de vítimas, que manipulam, que são sedentas de consenso, glória e prestígio.
Quando alguém está em contacto com o seu verdadeiro EU, sente-se independente da opinião dos outros, não considera muito importante os louvores, nem se sente ferido pelas críticas que provêm do exterior. Não devemos procurar nos outros a razão das nossas fraquezas. Apenas devemos tornar-nos nós mesmos e ter a coragem de dizer “sim” a nós próprios. Temos de trabalhar sempre sobre a nossa própria fraqueza. Querer ser poderoso provoca depressão, frustração, não faz viver a realidade, não faz viver o EU. Provoca medo de errar e de arriscar, o medo do sofrimento, porque esperamos que aconteça o que está previsto, o que está programado na nossa cabeça. Não vivemos espontaneamente, aceitando a realidade e a vida, que são imprevisíveis. Não se aceita o que é diferente, a incerteza, o desconhecido, a mudança. Quando tudo isto acontece, é porque não se possui uma boa e sadia autoestima. Possuí-la, significa aceitar-se precisamente quando erramos, quando somos fracos, mas também quando somos vencedores e fortes.
É nesta diversidade de sentimentos, nas mais variadas vertentes, que reside a totalidade do que somos. Então, é pois o nosso EU que temos de conhecer, assumir e estimar, para assim sermos quem somos.
Alberto Lopes Gil
Membro da Comissão Diocesana Justiça e Paz
(Publicado no Diário de Coimbra de 2012-agosto-19)

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